quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Let It Rain...

E deixe chover...

Deixe chover e limpar a vida,

além da poluição do ar.

Deixa chover...

E eu deixei.


Os primeiros passos, ainda fugia, saltava poças, ia entre marquizes.
Me escondendo de cada pingo fino e frio que caia.
Sentia-me escorregar entre passeios lodosos.
Equilibrei-me. Ao menos ali.
E enquanto esperava o bonequinho vermelho e os carros passarem em camera lenta.
Eu deixei, deixei chover.
E a chuva se permitiu cair.
Quase como se comandasse o clima com o meu humor.
Cheguei ao ponto, o onibus veio e se foi.
Levando consigo qualquer razão que poderia ter para estar nele.
Continuei minha caminhada, nem lenta, nem rápida.
Só precisava sentir, ainda que fosse frio.
Olhava pra frente, e subia os morros, tranquilamente.
Sentindo agora a vida percorrer meu corpo.
Cada pingo parecia me inundar, me inundava de coisas boas.
Ergui a cabeça em mais um crusamento e deixei ela cair
forte sobre meu rosto.
Respirei aliviada.
Me pertenci!
Deixei-a cair, e ela caia, cada vez mais pesada, mais forte e mais firme.
E o tempo passou, e o relógio apertou.
Avisava que o tempo estava curto.
Olhei pra trás, vi e percebi o caminho que percorri.
Sentimentos que deixei ir com a chuva e outros que decidi deixar para mim.
Agora, pouco faltava para chegar onde deveria.
Mas agora sim, o onibus voltava com a razão para estar nele.
Subi, mesmo que fosse ficar dois minutos ali até chegar onde devia.
O próposito era outro.
A chuva parava e meu corpo se manteve quente a tempestade.
Como quem diz, "e deixe chover, deixe a chuva te inundar, permita-se sentir".
E eu senti.

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